«Alguém me disse,
recentemente, que «a maioria das pessoas prefere ver um programa de televisão
qualquer – mesmo que seja profundamente idiota. Navegar na net sem rumo – por
simples curiosidade e para “encher” o tempo. Ouvir música estimulante – meio
“ideal” para descontrair e recuperar a auto-estima. Preferem tudo isto a abrir
um livro com calma e em silêncio».
Penso que esta afirmação não é
nada exagerada. Observemos a realidade que nos rodeia: quantas pessoas ligam a
televisão, a net, a música com a misteriosa finalidade de “desligar” a cabeça!
Quanta gente consome doentiamente imagens, ruídos e sensações várias – quanto
mais evasivas melhor!
Porque é que isto acontece?
Talvez porque, objetivamente, essa atitude requer menos esforço do que tentar
decifrar as ideias de um texto escrito.
A cultura escrita genuína –
deixo de lado os romances cor-de-rosa e o jornalismo tabloide – parece que
nunca será um fenómeno de massas. É uma cultura exigente – haverá, porventura,
alguma digna desse nome que não o seja? Reivindica esforço e determinação. E,
para muita gente, esse empenho, simplesmente, não vale a pena. Não compensa.
Também aqui se notam os
efeitos de uma civilização que alguém disse – e com razão – que está “esmagada
pelo consumo do que é mais imediato”. Vive intensamente o momento presente: não
tem tempo para perguntar-se de onde é que vem e para onde é que vai. Sorve com
avidez o que é efémero: talvez porque não acredita que exista algo que não o
seja. Recusa qualquer tipo de sacrifício: Oh! Para quê? Não vale a pena! Não
tenho pachorra!
Note-se que as pessoas que
fogem da leitura estão no seu perfeito direito. Ninguém as obriga a mudar de
atitude. No entanto, vale a pena que pensem nas consequências que isto tem para
a sua vida. Deixar-se levar pelo imediato é mais fácil. Porém, a longo prazo,
nem sempre é o melhor. Se não nos esforçamos por desenvolver os
nossos talentos terminamos por viver como as amibas. Não tenho nada contra
esses protozoários, mas acredito que o ser humano possui um bocadinho mais de
capacidades.
Como tantas vezes se tem dito,
“ler é pensar”, é um modo de cultivar a própria interioridade. A influência da
leitura na vida de uma pessoa é enorme. É verdade que nem sempre essa
influência é positiva. Existem livros que alimentam o espírito enchendo-o de
verdade e de desejos de fazer o bem. Existem outros, pelo contrário, que o
degradam. Os livros, como os alimentos, não estão todos ao mesmo nível. É tão
importante saber escolher bem!
Para muitas pessoas, o
encontro com um bom livro significou o começo do seu encontro com Deus. O
pensar a fundo sobre questões importantes da vida está, muitas vezes,
relacionado com o encontro a sós com um livro. Os bons livros são fonte de
sentido.»
- texto de Rodrigo Lynce de
Faria publicado em http://educacao.aaldeia.net/
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